Geologia do Vale do Corujas
Que sei eu sobre geologia? Nada. Mas a gente vai
arriscando uma leitura aqui, outra ali, e vai descobrindo algumas coisas. Uma
delas é que o espigão que separa o vale do Pinheiros do vale do Tietê, nesta
parte da cidade, onde estão as nascentes do córrego das corujas, não é de
pedra, quer dizer, não é de granito nem de quartzito, mas sim de um depósito
sedimentar que não teve tempo de virar pedra. O nome dessa formação geológica é
Formação São Paulo. A única rocha que o morrão contém é uma areia mais ou menos
grossa cimentada por uma lama de ferrugem, que lhe dá uma cor vermelha. Em
janeiro de 2007, no finalzinho na rua Girassol, ficaram bem expostas várias
camadas dessa rocha, como mostra a foto.
Foto da encosta do espigão, na
rua Girassol. As camadas ali vistas são de uma pedra, um conglomerado de
partículas de areia grossa cimentados por limonita, um hidróxido de ferro.
Corte longitudinal
do conglomerado limonítico da Formação São Paulo. Foto com aumento. Altura da
foto 3cm.
A foto mostra que o conglomerado junta partículas da
ordem de 3mm de diâmetro, de cantos vivos, ou seja, não foram muito roladas. De
onde vem o ferro desse hidróxido vermelho que cimenta as partículas? Não sei.
Existe uma parte importante dessa limonita na história
de São Paulo. Existem referências a um local de produção de ferro, criado por
Afonso Sardinha em 1609, que pode ter sido perto de onde hoje é a Ponte João
Dias, em Santo Amaro. O único minério de ferro que pode ter sido usado é essa
limonita, que perto da ponte forma-se com menos areia. Não durou muitos anos,
esse empreedimento.
Voltando
à geologia do vale do Corujas. A idade geológica dessa camada de terra não foi
determinada com certeza. O mapa geológico da Emplasa o chama de TSP, ou seja,
Terciário São Paulo, o que quer dizer que só se sabe que tem menos de 60
milhões de anos e mais de um milhão. Essa camada de terra parece que tem
pouquíssimos fósseis, dificultando a datação.
Debaixo dessa camada de quase 100 metros dessa terra,
fica o que os geólogos chamam de “embasamento cristalino”. Ali na praça onde o
córrego corre a céu aberto às vezes dá para ver, debaixo do monte de brita,
umas lages de pedra que talvez sejam esse granito PCg citado no mapa, pois o mapa refere-se sempre à idade
geológica do material que está na superfície.
Cinza: Qa: Quaternário. Depósitos aluvionais.
Verde: TSP: Terciário, Formação São Paulo: sistema
fluvial meandrante. Predominância de depósitos
arenosos, subordinadamente argilas e conglomerados.
Amarelo: TRd: Terciário: Formação Rezende: sistemas de
leques associados à planície aluvial de rios entrelaçados. Lamitos, arenitos e
conglomerados.
Vermelho: PC g: PréCambriano. Granitos, granodioritos.