Em 1869, o geógrafo
francês Élisée Reclus publicou o livro
"História de um regato" (Histoire d’un ruisseau)., que descreve
a vida de um curso d'água, desde sua nascente até chegar
ao mar. Um dos capítulos descreve sua passagem pela
cidade. O texto é muito bonito, na sua trágica
atualidade. São quatro páginas que valem o
esforço. Como diz Murilo Lisboa, que fez a
tradução para esta página, chama a
atenção a fé que o autor deposita na
potencialidade do homem vir a usar a ciência para ressuscitar o
pobre regato.
A ÁGUA NA CIDADE Nos nossos países da Europa civilizada, onde o homem intervém em tudo para modificar a natureza a seu gosto, o pequeno curso d’água deixa de ser livre e torna-se coisa dos ribeirinhos. Usado ao gosto desses, seja para regar suas terras, seja para moer o trigo; no entanto, seguidamente, eles também não sabem utilizá-lo de forma útil; eles o aprisionam entre os muros mal construídos que a correnteza de suas águas demole; versam as águas para zonas onde elas se tornam poças pestilentas; enchem de lixo que deveriam servir de adubo para seus campos; transformam o alegre regato em um imundo esgoto.
Aproximando-se da zona industrial, o regato se emporcalha de mais em mais. As águas domésticas das casas às suas margens se misturam a sua corrente; viscosidades de todas as cores alteram sua transparência, impuros fragmentos recobrem suas praias enlodaçadas, e, quando o sol as secam, um odor fétido impregna a atmosfera. Então, o regato transfigurado em cloaca adentra a cidade, onde seu primeiro afluente é um esgoto horrendo, com uma enorme boca oval, fechada com grades. Quase sem correnteza, por causa da ausência de queda, a massa pastosa rola lentamente entre duas fieiras de casa de muralhas recobertas de algas esverdeadas, madeirames metade roídos pela umidade e rebocos que caem em escamas. Para estas casas, usinas doentias onde trabalham os homens do curtume e tanino e outros industriosos, essa corrente enlamaçada é ainda uma riqueza e sem cessar os trabalhadores utilizam essas águas nauseabundas. O beira-rio perdeu toda a forma natural; são agora muros perpendiculares onde, aqui e acolá, constroem-se degraus de escadas; as margens são pavimentadas de lajes escorregadias; os meandros são trocados por bruscas curvas; no lugar de galhos e folhagens, roupas sórdidas suspensas em varais se balançam sobre a fossa, e barreiras em pranchas, jogadas de um cais a outro, marcam os limites das propriedades sobre o fluxo encardido. Enfim, a massa pastosa penetra sob uma sinistra arcada. O regato que eu vi nascer sob a luz, tão límpido e alegre, fora da fonte natal não é mais senão um esgoto no qual uma cidade lança seu lixo. Enfim, a massa infecta ajudada, seja pelo ancinho dos trabalhadores, seja pelos súbitos aguaceiros, chega ao rio e aí se derrama pesadamente. Negra ou violácea, ela escala o longo do cais, permanece distinta da água relativamente pura da corrente por uma linha sinuosa, nitidamente traçada. Demoradamente a seguimos com os olhos escorrendo ao lado do rio, se recusando a se misturar com ele; mas os turbilhões, os remoinhos, os refluxos de todos os tipos causados pelas desigualdades do fundo e as sinuosidades das margens têm como resultado a mistura das águas; a linha de separação se apaga pouco a pouco, grandes nódoas transparentes surgem do fundo através da massa enlamaçada; os impuros aluviões, mais pesados do que a água que carregam, se depositam sobre as praias e as depressões do leito. O regato se purifica cada vez mais; mas ao mesmo tempo ele deixa de ser ele mesmo e se perde na potente massa líquida do rio que o conduz para o oceano. Sua corrente se divide em fatias, e essas são divididas em gotas, todas as moléculas se confundem. A história do regato termina, ao menos nas aparências. No entanto, a boca do grande esgoto não vomitou no rio toda massa de água que rolava entre as margens sombreadas aquém da cidade e suas fábricas. Enquanto uma parte da corrente continua seguindo o leito natural, transformada em vala, depois em canal subterrâneo, pela mão do homem, para se arrastar pesadamente pela linha do cais, uma outra parte do regato, desviado de seu curso normal, entra em um grande aqueduto e é encaminhado para a cidade seguindo o flanco de colinas, e passando por enormes sifões sob as ravinas. A água, protegida da evaporação pelas paredes de pedra ou de metal que a cercam, recebe na sua entrada da cidade um grande reservatório de alvenaria, tipo de lago artificial onde o líquido repousa e se depura. É deste lugar que escapa para se distribuir, de bairro em bairro, de rua em rua, de casa em casa, de andar em andar, pelos canos ramificados ao infinito sobre a imensa superfície habitada. A água é sempre indispensável; é necessário para limpar o chão e as moradias; é necessário para hidratar todos os seres vivos, do homem aos animais que o servem, até a flor mais modesta que se abre nas janelas das mansardas e o gramado que recebe o rocio da bruma irisada das fontes. Por seus milhões e bilhões de bocas e de poros absorvendo incessantemente capilares, pingos ou simples umidade originárias do regato, a cidade torna-se semelhante a um imenso organismo, um monstro prodigioso engolindo torrentes de um só gole. Há cidades que não se contentam apenas com um regato, bebem ao mesmo tempo vários, recorrendo por todos os lados aos aquedutos que convergem. Uma capital - a verdade é que esta capital é Londres, a cidade mais populosa do mundo - não bebe menos que meio milhão de metros cúbicos por dia, o suficiente para encher um lago onde boiaria facilmente cem navios de bordo alto.
As impurezas, de todas as calhas laterais, irão se encontrar com o grande esgoto, que constantemente é o leito do antigo regato, de forma que a cidade se parece com os pólipos que têm um único orifício que se abre ao mesmo tempo para os alimentos e para os dejetos. No entanto, na maior parte de nossas avenidas subterrâneas em nossas cidades, houve o cuidado de estabelecer uma separação entre esses dois fluxos. Tubos de ferros justapostos servem de leito a dois riachos que escorrem em sentido inversos: um é o fluxo de água pura que irá se ramificar nas moradias, o outro será a massa de água suja que escapa. Como no corpo do animal, as artérias e as veias se acompanham: um círculo ininterrupto se forma entre a corrente que carrega a vida e aquele que trará a morte. |
CHAPITRE XVIII
L’EAU DANS LA CITÉ
Dans nos pays de l’Europe civilisée où l’homme intervient
partout pour
modifier la nature à son gré, le petit cours d’eau cesse
d’être libre et
devient la chose de ses riverains. Ils l’utilisent à leur guise,
soit pour en
arroser leurs terres, soit pour moudre leur blé ; mais
souvent aussi, ils
ne savent point l’employer utilement ; ils l’emprisonnent entre
des
murailles mal construites que le courant démolit ; ils en
dérivent les
eaux vers des bas-fonds où elles séjournent en flaques
pestilentielles ;
ils l’emplissent d’ordures qui devraient servir d’engrais à
leurs champs ;
ils transforment le gai ruisseau en un immonde égout.
En approchant de la grande ville industrielle, le ruisseau se souille de plus en plus. Les eaux ménagères des maisons qui le bordent se mêlent à son courant ; des viscosités de toutes les couleurs en altèrent la transparence, d’impurs débris recouvrent ses plages vaseuses, et lorsque le soleil les dessèche, une odeur fétide se répand dans l’atmosphère. Enfin, le ruisseau, devenu cloaque, entre dans la cité, où son premier affluent est un hideux égout, à l’énorme bouche ovale, fermée de grilles. Presque sans courant, à cause du manque de pente, la masse boueuse roule lentement entre deux rangées de maisons aux murailles recouvertes d’algues verdâtres, aux boiseries à demi rongées par l’humidité, aux enduits tombant par écailles. Pour ces maisons, usines malsaines où travaillent les mégissiers, les tanneurs et autres industriels, le courant vaseux est encore une richesse, et sans cesse les ouvriers y vont puiser l’eau nauséabonde. Les berges ont perdu toute forme naturelle ; ce sont maintenant des murailles perpendiculaires où sont ménagées çà et là quelques marches d’escaliers ; les rivages sont pavés de dalles glissantes ; les méandres sont remplacés par de brusque tournants ; au lieu de branches et de feuillages, des vêtements sordides suspendus à des perches se balancent au-dessus de la fosse, et des barrières en planches, jetées d’un quai à l’autre quai, marquent les limites des propriétés au-dessus du flot noirâtre. Enfin, la masse boueuse pénètre sous une sinistre arcade. Le ruisseau que j’ai vu jaillir à la lumière, si limpide et joyeux, hors de la source natale, n’est plus désormais qu’un égout dans lequel toute une ville déverse ses ordures.
À quelques
kilomètres d’intervalle, le contraste est absolu.
Là-haut,
dans la libre campagne, l’eau scintille au soleil, et transparente,
malgré sa
profondeur, laisse voir les cailloux blancs, le sable et les herbes
frémissantes de son lit ; elle murmure doucement entre les
roseaux ;
les poissons s’élance à travers le flot comme des
flèches d’argent et les
oiseaux le rasent de leurs ailes. Des fleurs naissent en touffes sur
ses bords,
des arbres pleins de sève étalent au loin leur branchage,
et le promeneur qui
suit la rive peut à son aise se repose à leur ombre en
contemplant le gracieux
tableau qui s’étend entre deux méandres. Combien
différent est le ruisseau sous
le pavé retentissant des villes ! L’eau est bien la
même en substance,
mais seulement pour le chimiste ; elle est mélangée
de tant d’immondices
qu’elle en est devenue visqueuse. Plus de lumière dans la sombre
avenue, si ce
n’est de distance en distance un rayon qui passe entre deux barreaux de
fer et
se répercute sur la paroi gluante. La vie semble absente de ces
ténèbres ;
elle existe pourtant : des champignons, nourris de pourriture, se
blottissent dans les coins ; des rats se cachent dans les trous,
entre les
pierres descellées. Les seuls promeneurs qui s’aventurent dans
ce triste séjour
sont les égoutiers chargés de rétablir le courant
en enlevant les amas de
fange, et les « ravageurs », faméliques
industriels, qui, perchés sur
le bourbier fétide, le remuent de leurs mains pour y trouver
quelque menue
monnaie ou d’autres objets tombés de la rue par les soupiraux. Enfin, la masse
infecte, aidée soit par le râteau des ouvriers, soit par
de soudains orages, arrive à la rivière et s’y
déverse lourdement. Noire ou
violacée, elle rampe le long des quais, et reste distincte de
l’eau relativement
pure du courant par une ligne sinueuse nettement tracée.
Longtemps on la suit
du regard, s’écoulant à côté de la
rivière et refusant de se mêler avec
elle ; mais les tourbillons, les remous, les reflux de toute
espèce causés
par les inégalités de fond et les sinuosités des
rives ont pour résultat de
mélanger les eaux ; la ligne de séparation s’efface
peu à peu, de gros
bouillons transparents surgissent du fond à travers la masse
boueuse ; les
impures alluvions, plus pesantes que l’eau qui les entraîne, se
déposent sur
les plages et dans les dépressions du lit. Le ruisseau se
purifie de plus en
plus ; mais en même temps, il cesse d’être
lui-même et se perd dans la
puissante masse liquide de la rivière qui l’emporte vers
l’océan. Son courant se
divise en filets, ceux-ci sont partagés à leur tour en
gouttes et en
gouttelettes, toutes les molécules se confondent. L’histoire du
ruisseau vient
de finir, du moins en apparence. Cependant la bouche
du grand égout n’a point vomi dans le fleuve toute la
masse d’eau qui roulait entre les berges ombreuses en amont de la ville
et de
ses fabriques. Tandis qu’une partie du courant continue de suivre le
lit
naturel, transformé en fossé, puis en canal souterrain
par la main de l’homme,
et va se traîner lourdement le long des quais, une autre partie
du ruisseau,
détournée de son cours normal, est entrée dans un
large aqueduc et s’est
dirigée vers la cité en suivant le flanc des collines et
en passant par
d’énormes siphons au-dessous des ravins. L’eau,
protégée contre l’évaporation
par les parois de pierre ou de métal qui l’entourent, emplit
à son entrée dans
la ville un vaste réservoir maçonné, sorte de lac
artificiel où le liquide se
repose et s’épure. C’est le là qu’il s’échappe
pour se distribuer, de quartier
en quartier, de rue en rue, de maison en maison, d’étage en
étage, par des
conduites ramifiées à l’infini, sur l’immense surface
habitée. L’eau est
partout indispensable ; il en faut pour nettoyer les pavés
et les
demeures ; il en faut pour abreuver tous les êtres vivants,
depuis l’homme
et les animaux qui le servent jusqu’à la fleur modeste qui
s’épanouit à la
fenêtre des mansardes et un gazon qu’arrose le brouillard
irisé des fontaines.
Par ses millions et ses milliards de bouches et de pores absorbant
incessamment
veinules, gouttelettes ou simple humidité dérivées
du ruisseau, la cité devient
comme un immense organisme, un monstre prodigieux engloutissant des
torrents
d’un seul trait. Il est des villes qui ne se contentent pas d’un
ruisseau et
qui en boivent à la fois plusieurs, accourant de tous les
côtés par des
aqueducs convergents. Une capitale, - il est vrai que cette capitale
est
Londres, la cité la plus populeuse du monde entier, - ne boit
pas moins d’un
demi-million de mètres cubes par jour, assez pour emplir un lac
où flotteraient
à l’aide cent navires de haut bord. Après
s’être ramifiée à l’infini dans les rues et les
maisons, l’eau des
aqueducs, désormais salie par l’usage et mélangée
aux impuretés de toute sorte,
doit reprendre son chemin pour s’enfuir de la ville où elle
engendrerait la
peste. Chaque dalle, comme une bouche immonde, vomit des eaux
ménagères ;
chaque rigole coule son petit torrent nauséabond ; à
chaque angle de rue,
une cascade rouge ou noirâtre se précipite dans un
puisard. Ce flot impur, seul
ruisseau que puisse étudier le gamin de nos cités,
contribue, plus qu’on ne
pense, à lui faire aimer la nature. Il m’en souvient
encore : lorsque des
averses abondantes avaient enlevé la vase de la rigole et rempli
le lit
jusqu’aux bords, nous construisions nos barrages, nous enserrions le
courant
dans un défilé, nous le faisions se précipiter en
rapides, nous formions à
volonté des îles ou des péninsules. Devenus hommes,
les petits ingénieurs qui
pataugeaient avec tant de jubilation dans la rigole ne peuvent se
rappeler sans
plaisir leurs jeux d’enfance ; malgré eux ils regardent
avec une certaine
émotion le filet d’eau bourbeuse qui se traîne le long du
trottoir. Depuis
leurs jeunes années, dans l’espace d’une
génération, que de débris entraînés
sur
ce courant visqueux ont trouvé leur chemin vers la mer !
Jusqu’au sang des
citoyens qui s’est mêlé à cette boue !
De toutes les
rigoles latérales les impuretés vont rejoindre le grand
égout, qui souvent est le lit de l’ancien ruisseau
lui-même, de sorte que la
ville ressemble à ces polypes dont l’unique orifice s’ouvre
à la fois à la
nourriture et aux déjections. Toutefois, dans la plupart des
avenues
souterraines de nos cités, on a eu soin d’établir une
certaine séparation entre
les deux courants. Des tubes de fer juxtaposés servent de lit
à deux ruisselets
coulant en sens inverse : l’un est le flot d’eau pure qui va se
ramifier
dans les maison, l’autre est la masse d’eau souillée qui s’en
échappe. Comme
dans le corps de l’animal, les artères et les veines
s’accompagnent ; un
cercle non interrompu se forme entre le courant qui porte la vie et
celui qui
donnerait la mort. Malheureusement,
l’organisme artificiel des cités est encore bien loin de
ressembler pour la perfection aux organes naturels des corps vivants.
Le sang
veineux, chassé du cœur dans le poumon, s’y renouvelle au
contact de
l’air : il se débarrasse de tous les produits impurs de la
combustion
intérieure et, recevant du dehors l’aliment de sa propre flamme,
il peut
recommencer son voyage du cœur aux extrémités, et rouler
la chaleur et la vie
d’artère en artériole. Dans nos cités, au
contraire, corps informes où
s’ébauche l’organisation, l’eau souillée continue de
couler dans les égouts et
va polluer les fleuves, où elle ne se purifie que lentement,
sans être reprise
par l’industrie humaine pour alimenter la ville en entrant dans la
circulation
souterraine. Mais cette épuration, que la science de l’homme a
le tort de ne
pas accomplir, les forces de la nature y travaillent de concert avec
les habitants
des eaux. À toutes les bouches d’égout où ne
plonge pas sans cesse l’avide
hameçon du pêcheur à la ligne, des multitudes de
poissons, entassés parfois en
véritables bancs comme les harengs de la mer, se repaissent avec
volupté des
restes de festins apportés par le torrent boueux ; les
limons des
murailles et des berges, les herbes frémissantes du fond
retiennent aussi et
font entrer dans leur subsistance les molécules de fange qui les
baignent ; les débris les plus lourds descendent et se
mêlent au gravier,
les épaves sont rejetées sur le bord ou s’arrêtent
sur les bancs de
sable ; peu à peu, l’eau se clarifie ; grâce
à sa faune et à sa
flore, elle se débarrasse même des substances dissoutes
qui la dénaturaient, et
si dans son cours elle n’était pas souillée de nouveau
par d’autres impuretés
découlant des cités riveraines, elle finirait par
reprendre sa pureté première
avant d’atteindre l’océan. Dans la ville
future, ce que la science conseille sera aussi ce que
feront les hommes. Déjà nombre de cités, surtout
dans l’intelligente
Angleterre, essayent de se créer un système
artériel et veineux fonctionnant
avec une régularité parfaite et se rattachant l’un
à l’autre, de manière à
compléter un petit circuit des eaux, analogue à celui qui
se produit dans la
grande nature entre les montagnes et la mer par les sources et les
nuages. Au
sortir de la ville, les eaux d’égout, aspirées par des
machines, comme le sang
l’est par le jeu des muscles, se dirigeront vers un large
réservoir voûté où
les ordures entraînées se mêleront en un liquide
fangeux. Là, d’autres machines
s’empareront de la masse fétide et la lanceront par jets dans
les conduits
rayonnant en diverses directions sous le sol des campagnes. Des
ouvertures
pratiquées de distance en distance sur les aqueducs permettront
d’en déverser
le trop-plein en quantités mesurées sur tous les champs
appauvris qu’il faut
régénérer par les engrais. Cette fange coulante,
qui serait la mort des
populations, si elle devait séjourner dans les villes ou se
traîner dans les
fleuves le long des rivages, devient au contraire la vie même des
nations,
puisqu’elle se transforme en nourriture pour l’homme. Le sol le plus
infertile
et jusqu’au sable pur donnent naissance à une
végétation luxuriante lorsqu’ils
sont abreuvés de ces liquides ; de son côté,
l’eau, qui servait de
véhicule à toutes les souillures de l’égout, se
trouve désormais nettoyée par
les opérations chimiques des racines et des radicelles ;
recueillie
souterrainement dans les conduits parallèles aux aqueducs d’eau
sale, elle peut
rentrer dans la ville pour la nettoyer et l’approvisionner, ou bien
couler dans
le fleuve sans en ternir le courant limpide. Tandis qu’autrefois, au
dessous de
la première ville dont elle baignait les quais, la
rivière n’était plus jusqu’à
l’océan qu’un immense canal d’égout, elle reprend de nos
jours sa beauté des
temps anciens ; les édifices des cités et les arches
des ponts, qui
pendant des siècles ne se sont reflétés que sur
une onde troublée, recommencent
à se mirer dans un flot transparent. |