Poemas de Zequinha Gomes
Náufragos da vida
Arrojos que se vão sobre as ondas boiando...
Almas que
o mar da vida arrebata nas vagas,
e que sem rumo vão, como doudas, errando,
longe da encosta ideal e das saudosas plagas.
Farrapos de esperança, andrajos de alma aflita,
Velhas ruínas de nau – final de ledo engano-
Sonhos, aspirações – tudo se precipita,
Vai abismar-se por fim, nas entradas do oceano.
Um momento fugaz a humanidade avança...
Depois, grotescamente, essa eterna criança
Desanimada cai, como o barco que aderna.
Coragem, ilusões, anseios e esperanças
Soçobraram... E, por sobre as últimas lembranças
Passa a onda do tempo a esponja imensa e eterna....
José Alfredo Gomes
Publicada em
Acaiaca- Revista de Cultura, 1951
À TUA ESPERAHá tanto tempo estou à tua espera!Meu coração só clama o teu amor!Foi-se o estio,aí vem a primavera,E a primavera é cheia de esplendor.Minh'alma triste,às vezes se exasperaCuidando que não ouves meu clamorMas logo diz meu coração:__espera,Um grande amor é sempre um grande amor.Aqui te espero,encanto dos meus olhos,Pois quero me ver livre dos abrolhosE livre desta negra e amarga dor.Quando chegares,que felicidade!Então,repetirei com suavidade:Um grande amor é sempre um grande amor!
revista Acaiaca, encontrada por Flávia Rosa Faria Noronha.